Mindhunter - 1° Temporada | Crítica
Mindhunter - 1° Temporada
Elenco: Jonathan Groff, Holt McCallany, Anna Torv, Hannah Gross, Cotter Smith
Criação: Joe Penhall
Estreia: 13 de outubro de 2017
Elenco: Jonathan Groff, Holt McCallany, Anna Torv, Hannah Gross, Cotter Smith
Criação: Joe Penhall
Estreia: 13 de outubro de 2017
★★★★★
Em seu livro O Homem Delinquente,
Cesare Lombroso traz a visão de que a personalidade delinquente pode ser
percebida desde os primeiros anos de vida do individuo. Ele elenca diversas características
que podem contribuir como gatilho para o desenvolvimento desta, aliado à
negligência dos responsáveis em frear tais hábitos.
Ao longo dos anos, a cultura pop encontrou
nos serial killers, uma fonte que parece inesgotável para boas histórias, sejam
elas reais ou criações da mente fértil de roteiristas, a empatia por tais indivíduos
parece ser instantânea. De Hannibal Lecter à Dexter, de John Doe ao Assassino
do Zodíaco, esses personagens sempre despertam dilemas em quem acompanha suas
histórias e tendem a inverter a ordem natural das coisas. Como podemos adorar indivíduos
que protagonizam atitudes tão desprezíveis e por vezes até compreender seu
ponto de vista?
Se tratando de assassinos em
série, não existe ninguém que possa desenhar melhor um retrato cru deles do que
David Fincher, a mesma mente que nos trouxe Seven, agora resolveu ir mais fundo
na história dos principais serial killers americanos com Mindhunter, adaptação
do livro
Mind Hunter: Inside
FBI’s Elite Serial Crime Unit, escrito por Mike Olshaker e John E. Douglas e que tem os
direitos de produção vinculados à Charlize Theron que também assina a produção
da série ao lado de Fincher.
Na série, no final dos anos 70 dois agentes do FBI iniciam um estudo,
pautado numa série de entrevistas com criminosos que cometeram crimes
violentos, afim de buscar traçar um perfil comportamental para estes e outros indivíduos,
procurando entender suas motivações e como o meio onde viviam pode ter sido
responsável pelas ações desencadeadas por eles no futuro.
Obviamente, tal situação não foi recebida com bons olhos à época, onde
sequer se conhecia a ideia de assassinos que cometiam crimes em continuação,
com a mesma motivação e em condições semelhantes. O método pouco ortodoxo dos
agentes Holden e Tench chamava a atenção em geral de maneira negativa dentro do
FBI.
Burocracias à parte, é possível também se notar que o inicio do estudo
também esbarrava nos preconceitos da época, inclusive na questão de entrevistar
criminosos convictos e que não demonstravam nenhum arrependimento de seus
crimes, aos olhos de todos, nada de útil se poderia obter desses indivíduos e a
pena de morte era tudo que eles mereciam.
A série tem realmente o jeito David Fincher, notável à todo momento,
desde os diálogos que praticamente não são gastos com trash talk, todos os
personagens envolvidos na trama tem algo a contribuir no estudo das mentes
criminosas, seja positiva ou negativamente. A interação dos agentes com os mais
diversos perfis de serial killers, assim como a descoberta que fazem em meio às
suas viagens de crimes que podem se encaixar nesses perfis e o constante
confronto com as mais variadas insanidades que a mente humana pode ser capaz.
Dessa vez, o diretor parece querer nos mostrar tudo pela visão do
pretenso herói, contrariando a lógica das obras envolvendo sociopatas, onde
geralmente recebemos o ponto de vista destes praticamente o tempo inteiro,
ficando de lado, por vezes, o modo como a mentalidade do herói fica afetada
pela interação com essas mentes.
Apesar de serem episódios bastante carregados em termos de informação e
por vezes adentrar em teorias sociológicas e da criminologia da época,
Mindhunter é um verdadeiro estudo sobre a mente humana e conteúdo obrigatório
para todos àqueles que tem interesse pelo gênero investigativo. Um suspense muito
bem climatizado e pensado e que se torna, no final das contas, um excelente
inicio do que pode vir a se tornar um material riquíssimo, sem exageros da
evolução da criminologia americana.
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