Moonlight: Sob a Luz do Luar | Crítica
Moonlight:
Sob a Luz do Luar (Moonlight)
Elenco: Mahershala Ali, Naomie Harris, Trevante
Rhodes, André Holland, Janelle Monáe, Ashton Sanders, Jharrel Jerome, Alex R.
Hibbert.
Direção: Barry Jenkins
Data de estreia: 24 de fevereiro de 2017.
Moonlight conta a
história de Chiron, mais conhecido como “Little”, da infância à idade adulta,
expondo de modo silencioso, sutil e encantador, as dificuldades,
questionamentos, conquistas e dores de um menino negro, gay, humilde e
incompreendido. O filme mostra de forma extremamente sensível a transformação
de Chiron (Alex Hibbert), uma
criança tímida e desamparada, em um Chiron (Ashton Sanders) adolescente que sofre bullying e está à flor da pele, passando para um Chiron (Trevant Rhodes) adulto, conhecido como “Black”,
que encontra seu lugar no mundo do tráfico.
Nessa trajetória, totalmente pessoal e profunda, Chiron encontra no
narcotraficante Juan (Mahershala Ali)
e sua esposa Teresa (Janelle Monáe)
a família que ele não tem, já que sua mãe, Paula (Naomie Harris), é uma viciada em drogas e não se faz presente
emocionalmente para o filho. Outro personagem de grande importância na vida de
Chiron é Kevin, interpretado por André Holland
na idade adulta e por Jharrel Jerome
na adolescência, que nos guia pela jornada de autoconhecimento do personagem em
relação à sua sexualidade.
Moonlight é a primeira produção de grande
destaque do diretor Barry Jenkins,
que lhe rendeu o Oscar de Melhor Roteiro
Adaptado e a indicação de Melhor Diretor. O filme é uma adaptação do livro In Moonlight Black Boys Look Blue de Tarell Alvin McCraney (ator e escritor),
atual presidente da Escola de Drama de Yale, renomada Universidade norte-americana.
Em uma das cenas que considero mais emocionantes, Juan conversa com “Little”
em frente ao mar e diz que “Sob a luz do luar todo menino negro é azul”, causando
um sentimento de divagação ao espectador e transparecendo todo drama que vive o
menino, todo medo que habita dentro dele, toda dificuldade que é ele ser ele
mesmo.
Não posso deixar de mencionar a fotografia primorosa de James Laxton, que já havia trabalhado
com Barry Jenkins em um filme
anterior (Medicine for Melancholy).
James, juntamente com Alex Bickel,
brinca com o contraste e a saturação das cores em diferentes momentos do filme,
se utiliza de lentes que ressaltam o tom da pele dos atores e principalmente,
usa recursos que dão um tom ciano (azulado) às imagens. A trilha sonora,
composta com Nicholas Britell, vai
de hip hop à música orquestrada e
funciona de maneira vigorosa ou fluida dependendo do que a cena pede.
Barry Jenkis
certificou-se de que os três atores que interpretam Chiron não se encontrassem
durante as filmagens. Eles gravaram separadamente para manter a autenticidade
do personagem em cada etapa da vida. O resultado é um Chiron que conversa com
os olhos, com sua expressão quieta e pensativa. Os três atores, Alex Hibbert, Ashton Sanders e Trevant Rhodes, têm interpretações
genuínas de Chiron, tudo isso salientado pelos longos closes de câmera em completo silêncio.
Indicado em oito categorias no Oscar,
incluindo Melhor Direção, Melhor Fotografia e Melhor Trilha Sonora, venceu a de
Melhor Filme, Melhor Ator Coadjuvante (Mahershala
Ali) e Melhor Roteiro Adaptado (Barry
Jenkins e Tarell Alvin McCraney). Também foi indicado em seis categorias ao
Globo de Ouro vencendo a de Melhor
Filme de Drama. E ainda, obteve incríveis dez indicações ao Critics Choice Awards e venceu duas, a
de Melhor Ator Coadjuvante (Mahershala
Ali) e Melhor Elenco.
Moonlight entra para
a lista de filmes obrigatórios não somente pelos prêmios e indicações, mas pela
sua sensibilidade, pela sua abordagem diferenciada do preconceito e pela sua
experiência estética inebriante.
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