Jogador Nº 1 | Crítica
Jogador Nº 1 (Ready Player One)
Elenco: Tye Sheridan, Olivia Cook, Ben Mendelsohn, T.J Miller
Direção: Steven Spielberg
Estreia: 29/03/2018
Steven Spielberg nunca erra. Há roteiros contraditórios, lançamentos mal planejados e públicos exigentes. Porém, ele sempre consegue fazer - dentro dos limites de: época, tecnologia e física - o que quer fazer e o faz com perfeição.
Jogador Nº 1 é espetacular. Adaptação do livro de Ernest Cline que leva o mesmo nome, o longa é uma experiência visual, no mínimo, agradável. Com um roteiro simples e talvez não muito original, a história traz um universo distópico de um futuro próximo, mas com a gostosa saudade da década de 80.
O elenco é uma mistura de rostos clássicos e novos fazendo jus ao universo do filme. O protagonista Tye Sheridan (X-men: Apocalipse) se prova capaz de atuar em um grande blockbuster, comandado por um grande diretor. Diferente de seu Ciclope ainda em construção na nova fase dos mutantes no cinema, seu personagem em Jogador Nº 1 - Parzival - é icônico, cheio de carisma e conquista o público, dentro e fora do filme.
Outro nome que merece destaque é Ben Mendelsohn (Rogue One: Uma História Star Wars). com um Q de Krennic, Ben traz à tona um anti-herói passivo e alienado. Apesar do universo conduzir como ideia mais relevante a realidade virtual (o OASIS), o "vilão" é um típico homem de negócios que deseja, acima de tudo, o lucro de sua empresa. O equilíbrio entre essas duas vertentes no enredo, justamente, dá o tom sutil de "inversão de valores", exaltando a fixação por passar horas "dentro de um vídeo-game" e ridicularizando o "trabalho empresarial comum".
Independe de sua classificação indicativa, Jogador Nº 1 não é um filme para todo mundo. É necessário ou ter vivido na época enaltecida do filme, ou ser iniciado no assunto e ter conhecimento suficiente. Por que isso? Porque há uma quantidade de referências absurdas durante toda a história e que são cruciais para entender o desenrolar dos personagens e do enredo. Aos leigos, o filme será prazeroso e puro entretenimento. Aos amantes da cultura pop, o paraíso de insinuações e nostalgias.
Bem longe do batido, chato e cliché "bem contra o mal", Jogador Nº 1 traz a ideia de propósito e objetivo, seja ele positivo ou negativo. Não há uma necessidade de combates o tempo todo e de brigas por elas mesmas. A batalha do filme é travada nos interesses, nos desejos e, principalmente, no que se pode ou não se pode ser dentro do OASIS.
E apesar de distópico, o universo do filme traz um futuro ruim muito possível. O 2045 tratado no longa é mais "enxergável" que o 2049 de Blade Runner, sem uma quantidade exagerada de avanços tecnológicos, diversas crises por diversas coisas e uma desigualdade social terrível. E ainda assim, apesar de tudo isso, nada que umas boas horas de vídeo-game, uns amigos e uma pizza (se você tiver dinheiro) não resolva.
Se for possível dizer que há algum risco no filme, esse risco seria a vontade incandescente que se dá de viver no universo em questão. Afinal de contas, quem é que se importa em ser rico ou pobre quando se tem Realidade Virtual ilimitada onde é possível dirigir o DeLorean de De Volta para o Futuro?
Moral do filme: É possível salvar qualquer mundo caótico e cataclista, seja ele 2045 ou 2018, com um bom clássico dos anos 80 (álbum, artista, jogo, filme e - nesse caso - diretor).
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