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Artigo | Por que precisamos do Pantera Negra?


Nesta quinta-feira "Pantera Negra" chega aos cinemas de todo o mundo. Em um tempo onde questões como o racismo e o questionamento até mesmo de protagonismo de pessoas negras no entretenimento, esse filme pode-se tratar de um grande marco para Hollywood. Antes mesmo de chegar nos cinemas, o filme dirigido por Ryan Coogler ("Creed: Nascido Para Lutar") teve um impacto na comunidade negra dos EUA e em toda a indústria, graças à sua equipe e elenco.

Coogler é o diretor do filme, que foi o segundo mais caro da história dirigido por um negro (perdendo apenas para "Velozes e Furiosos 8"). A direção de fotografia também é inovadora: Rachel Morrisson, que embora não seja negra, ficou conhecida por seu trabalho indicado ao Oscar em "Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississipi". O elenco traz grandes atores negros que tem convencido o público e a crítica por incríveis trabalhos.

O protagonista, Chadwick Boseman, teve uma excelente atuação em "Get On Up: A História de James Brown" no papel do cantor. Michael B. Jordan já trabalhou com Coogler em "Creed", entregando muito bem o papel de Adonis Creed. Os grandes premiados são Lupita Nyong'o, que ganhou o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por "12 Anos de Escravidão", além de Daniel Kaluuya que está indicado na categoria de Melhor Ator na presente edição do prêmio por "Corra!". Todo esse elenco (além de muitos outros escalados) prova que a Marvel não apenas está interessada em contar a história do Pantera, mas também de tornar essa história relevante para o tempo que vivemos, dialogando os problemas encontrados pelo protagonista com o mundo real.

"Você tem filmes de super-herói que são dramáticos ou mais cheios de ação e comédia. Mas 'Pantera Negra' aborda principalmente outro tema: lidar com os problemas de ser um afrodescendente." Ryan Coogler
Este filme é o primeiro blockbuster da história dirigido e atuado majoritariamente por negros. A gigante estreia do longa (que quebrou recordes de mais ingressos vendidos na pré-venda) vem para mostrar que de fato Hollywood tem muito a oferecer para as comunidades e pessoas negras que se veem em uma posição difícil na sociedade. Representatividade é a palavra chave. Abordar com riqueza de detalhes uma cultura africana sem esbarrar em preconceitos e estereótipos nessas proporções é algo inédito na indústria cinematográfica.


Em 2014, quando o filme foi anunciado, ninguém imaginaria que o contexto de seu lançamento seria um governo do presidente Donald Trump, que se envolveu em polêmicas envolvendo racismo principalmente após os protestos em Charlottesville no último ano. Então, o que significa assistir a "Pantera Negra" em 2018, onde o Presidente dos Estados Unidos supostamente chamou, em uma reunião, nações africanas de "países de m****"? Nesse mesmo clima, o que dizer da organização de eventos no Facebook que promoviam um boicote ao filme e a avaliação negativa do mesmo em sites agregadores de notas do público?

Se o racismo é um problema no mundo hoje, um filme de altíssimo orçamento mostrando um rei de uma nação africana extremamente rica, com poder de destruir qualquer nação do mundo, certamente assusta algumas pessoas. Por isso, precisamos do Pantera Negra. Precisamos que o cinema afro-americano seja mostrado ao mundo, feito com excelência e cuidado. Se o filme quebrou recordes e paradigmas com relação ao seu elenco e direção, que seja apenas o primeiro de muitos que virão. E não poderia haver melhor começo de uma nova era na indústria do que com a história do Rei de Wakanda: T'Challa.

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